Quantos likes a sua vida merece?
- Nadhia Dantas
- 12 de out. de 2015
- 2 min de leitura

Você viu o pássaro que cantava em cima de um galho que estava no chão, enquanto passava pela calçada fazendo a sua corrida matinal? Reparou que já são oito horas da manhã, e seu Joaquim ainda não abriu a padaria? Que uma moça extremamente charmosa que estava na plataforma, te olhou fixamente quando a porta do metrô se abriu?
Não, você não viu o pássaro. Ele cansou e foi para o outro lado do parque. Sabe por quê até agora a padaria não foi aberta? Porque o seu Joaquim perdeu um ente querido, e fechou o estabelecimento por motivos de luto. A moça que estava na plataforma desapareceu, na mesma velocidade do metrô que te levava para o centro da cidade. Sim, você perdeu tudo isso, pois observava atentamente o último vídeo que viralizou no facebook, porque estava preocupado em como ter o corpo perfeito para publicar fotos no Instagram, e abrindo a notificação do Happn para ver quem passou pelo mesmo trajeto que você há dez minutos atrás. E não, a linda moça não tem esse aplicativo para você depois tentar um “match”.
Se parar para pensar, aqueles cinco minutos gastos assistindo a um vídeo no Youtube, poderia ser utilizado para olhar à sua volta, e quem sabe encontrar o amor da sua vida, olhando a avenida da sacada de um prédio.
Você chega a um estabelecimento e qual a primeira pergunta que lhe vem à cabeça? “Será que tem Wifi?” Ouvi boatos de que a felicidade é sentimento, e não “tweet”, mas as pessoas parecem viver numa constante disputa de quem é mais feliz. Se tudo o que eu vejo na minha timeline for verdade, acabo de descobrir que eu sou a única pessoa infeliz no planeta.
Já me questionei sobre esse “show da vida perfeita” nas redes sociais, e cheguei à conclusão que: as postagens são para os outros, nunca para o autor, e pode ter certeza, os seus 1034 amigos pensarão que as indiretas são para eles, mas quem você queria atingir, nem chegou a ver o que você escreveu.
Essa preocupação em fazer da vida um BBB virtual me preocupa, e está na hora do Pedro Bial aparecer com uma daquelas citações dos dias de “Paredão”, e chamar essas pessoas para fora da casa.
A felicidade é cheiro, toque, é tudo aquilo que não se compartilha, pelo menos não na tela do notebook, nem no mais novo app da moda.
Quer um conselho? Faça logoff após ler este post, e viva sua vida sem limitá-la pelo número de caracteres.